“À vossa proteção”: a oração mariana mais antiga
- Pe. Vilmar Barreto
- 3 de nov. de 2024
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Por: Pe. Vilmar Barreto - Arq. de Goiânia.
Movimento Filoteia Si vis, Iesu, etiam volo
“À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades; mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. Amém”.
A convicta confiança na proteção da Santa Mãe de Deus sempre foi motivo de súplica do fiel católico que clama a intercessão eficaz da Virgem Maria. Provavelmente a primeira oração mariana em forma de súplica seja a “Sub tuum praesidium” (à vossa proteção), que já é rezada há vários séculos nas Igrejas ocidentais e orientais. A oração, simples e fácil de guardar no coração do fiel entrou até na Sagrada Liturgia, sendo umas das possibilidades de oração das “Completas”, última oração do dia que antecede o grande silêncio nos mosteiros, nas congregações religiosas, institutos, seminários e na vida cotidiana dos sacerdotes e diáconos.
Acredita-se que a oração tenha sido composta pelos cristãos entre os séculos II e IV d.C., devido a descrição das súplicas:
“À vossa proteção recorremos” – Os primeiros séculos da era cristã foram marcados por perseguições e martírios de homens e mulheres, por vezes toda a família era dizimada pelo simples e honroso fato de serem cristãos, que viviam a catolicidade autêntica e não se prostravam diante de imperadores, adorando somente ao Deus único. É bastante coerente que os cristãos, reconhecendo a intercessão da Virgem Maria, pudessem suplicar a Ela a proteção contra os perigos atuais.
“Santa Mãe de Deus” – A doutrina da Santa Igreja definiu em 431 d.C. no concílio de Éfeso, o mais importante dogma mariano, o “Theotókos” (Mãe de Deus). O dogma confessa que o Emanuel é verdadeiro Deus e que, consequentemente, a santa Virgem é progenitora de Deus Filho, pois deu à luz o Verbo, que procede de Deus e se fez carne. É interessante que na oração já tenha essa definição dogmática, uma prova que Maria já era reconhecida pelos cristãos dos primeiros séculos como “Mãe de Deus”.
“Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades; mas livrai-nos sempre de todos os perigos” – Encontramos fragmentos da liturgia dos primeiros cristãos em seus encontros dominicais na oração do Pai Nosso: “mas livrai-nos do mal”. A fórmula, “mas livrai-nos do mal”, adorna a harmonia da oração mariana com “mas livrai-nos sempre de todos os perigos”.
“ó Virgem gloriosa e bendita” – Durante o canto do Magnificat, Maria, transbordante do Espírito Santo, afirma que “desde agora, todas a gerações me proclamarão bem-aventurada” (Lc 1,48) e, de fato, a primeira oração mariana faz-lhe a reverência de bendita. Maria também é chamada de “Virgem”, o que é totalmente compreensível que em uma oração dos primeiros séculos ela receba esse título, já que, na antiguidade, nunca foi contestada sua virgindade, ao contrário, a Santa Mãe de Deus foi vista como modelo de integridade, tanto espiritual quanto física, para todos os cristãos. O dogma da virgindade perpétua (Aeiparthenos), enquanto verdade fé que professa que Maria é virgem antes do parto, no parto e depois do parto, só foi proclamado em 07 de agosto de 1555, por Paulo IV.
Atestando a veracidade de que a oração denominada de “à vossa proteção” tenha sido elaborada nos primeiros séculos, foi encontro no ano de 1927, no Egito, um fragmento de papiro que remonta ao século III. No papiro estava a oração “Sub tuum praesidium”.
Em 2018 o santo padre Papa Francisco convidou os fiéis a confiarem e se aproximarem de Maria nas horas de perigo, recordando: “Nos momentos turbulentos, precisamos nos recolher sob o manto da Santa Mãe de Deus, sempre aberto para nos acolher”.
Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós.
Pe. Vilmar Barreto
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